OGlobo March 2013

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Relato do primeiro brasileiro na Maratona de Stanley,
nas Malvinas Favoritar

Após uma rodada de 4 semanas passando pela Meia Maratona de Caracas e Paris e uma etapa do circuito Rio Antigo, escrevi minhas observações sobre a maratona de Stanley, cuja foto está em anexo e mais uma vez gostaria de compartilhar essa experiência com outros corredores e ver mais brasileiros participar nesta prova.
Neste último dia 17 de março de 2013 enquanto muitos brasileiros corriam no Atacama, pedalavam de bicicleta pelo Rio ou corriam país e mundo afora, eu estava numa ilha que a maioria chama de Malvinas, mas que é conhecida internacionalmente por Falklands.
Nela se realiza desde 2005 a maratona mais austral do mundo, quer dizer, em nenhum outro lugar se realiza uma maratona em tão baixa latitude. Chegar às Falklands requer planejamento, o único meio de se chegar lá é através de um voo semanal operado pela Lan Chile e que chega no início da tarde de sábado e sai depois de 2 horas com direção ao continente sul-americano. Não precisamos de um visto para entrar nas ilhas, mas não deixe para pensar onde irá ficar e que moeda levar faltando uma semana para lá chegar. A única agência bancária tem capacidade para trocar seus dólares ou euros em moeda local que tem paridade com a libra esterlina e é também normalmente aceita.
A ilha-país tem independência econômica, mas para a proteção de seu território e população de não mais que 2.500 pessoas o Reino Unido estabeleceu uma base militar distante uns 50 minutos da capital Stanley. Mesmo para uma maratona o número de corredores individuais não tem passado a marca dos 60 nestes anos. Os locais preferem o revezamento em equipes de quatro corredores e há também uma corrida para crianças com 3Km que parte meia hora depois da prova principal.

Realizada a prova, o certificado emitido pelo organizador informa que os corredores a completaram este ano com ventos de 14 milhas e temperatura média de 13 graus, adicionam ao seu resultado um CD com fotos do evento e sua participação. Além disso, são convidados a uma recepção na Casa de Governo e recebidos por Sua Excelência o Governador, que também é um maratonista. Entre os participantes estrangeiros comparecem regularmente alguns argentinos que o fazem por espírito esportivo e assim tivemos este ano 7 nacionalidades representadas, sendo que o Brasil teve o seu primeiro maratonista este ano e que completou a prova com 4h13min. Este até o momento é o meu melhor resultado para a medida e por comparação o jovem britânico da Força Aérea que venceu a fez em 2h51min.
Após a corrida e a recepção oficial na noitinha de segunda feira, você estará pronto para descobrir e voltar em lugares que viu durante a corrida. Poderá percorrer os pontos de visitação de Stanley como os seus últimos monumentos que recordam a invasão em 1982. Ver como era a vida nas ilhas desde a chegada dos ingleses em 1833 numa casa mantida com peças de época e no museu a passagem de Charles Darwin pela ilha, os seus animais nativos, a navegação no Atlântico Sul e as curiosidades desta parte do mundo.
Saindo da cidade, poderão ir a Gypsy Cove onde verá alguns pinguins, barcos afundados em outros tempos e alguns campos cercados pelo risco de haver minas terrestres que ainda oferecem risco. Se pegar um 4X4 e viajar umas 3 horas pelo campo poderá chegar em Volunteer Point onde se concentra uma das maiores populações de pinguins fora da Antartida.
Aproveitando esta semana participei de minha primeira corrida com os Hash House Harriers, grupo de corrida que percorre ou anda pequenas distâncias num trajeto que deve ser descoberto pelos membros e que depois termina numa rodada de cerveja, senão ainda no meio do caminho. E o que não falta em Stanley são legítimos pubs ingleses.

Alexandre Andrade

Oglobo March ’13