Corredor quer ser o 1° do país na prova mais ao sul do mundo
“Este ano foi interessante passar minhas férias viajando de uma meia maratona para outra. Pena que nossas férias se restringem a um mês por ano! Embalado pelo meu resultado na nossa última maratona do Rio (que nunca mais teremos outra igual com chuva, frio e vento a nos empurrar) resolvi me testar em outras provas similares e daí fui a Assunção, no Paraguai, que estava muito bem coordenada para menos de 500 corredores de 42Km. Um mês depois, fui a Buenos Aires com uma grande exposição e acolhida aos brasileiros. Terminei este ciclo de maratona há pouco com a de Curitiba que certamente é a prova mais mineira do Sul do Brasil… muitas subidas e descidas.
Enquanto estava em Buenos Aires conheci um casal que tinha contato apenas por uma rede social chamada Couchsurfing.org. Nos conhecemos após a maratona e fiquei sabendo de seu projeto particular correspondido por sua esposa japonesa: www.runningwithoutborders.com de meu amigo francês Thierry Massa. Ao saber que irá correr também nas Ilhas Falklands, nas Malvinas, fiquei maravilhado e frustrado por não ter a mesma disponibilidade que este amigo, que é jovem e aposentado. Já tenho as férias marcadas para janeiro e irei correr o desafio do Pateta na Disney.
Mas durante uma viagem de carro para buscar um kit de corrida no Aterro eu me dei conta de que poderia buscar uma mudança nas férias e conseguir uma brecha para viajar até a remota cidade de Stanley e correr a prova mais ao Sul do mundo (http://www.standardchartered.com/fk/marathon/). Passei o fim de semana inquieto e na segunda fiz a proposta no trabalho para tirar 10 dias em janeiro e 10 em março. Uma semana para chegar a resposta e só teria que combinar com outro colega que estava marcado para o período que desejava. Então, comprei o voo, Rio-Santiago-Punta Arenas-Mount Pleasant (base aérea britânica na ilha) realizado pela LAN uma vez por semana. Resumindo, o plano é chegar no sábado, pegar o kit, correr no domingo e esperar outros seis dias para voltar para casa nesse único voo comercial, o outro que há é feito pelo Ministério da Defesa do Reino Unido partindo de uma base aérea em Oxfordshire com escala em Ascensão, outro ponto remoto entre o Brasil e a África no meio do Atlântico.
A população não passa de 2.600 pessoas e somente uma cidade em todo o arquipélago. Já li tudo o que há disponível online, já me cadastrei na rádio local, no jornal semanal impresso na ilha, vejo as poucas web cams da cidade e coincidentemente no Multishow… Não Conta Lá em Casa fizeram 2 programas na ilha devido à Invasão das Malvinas. A prova é realizada desde 2005 e nas listas de resultados tem até argentinos, mas nunca houve um brasileiro e esse ineditismo é mais um elemento a me jogar nessa aventura.
Fui ao meu banco consultar como enviar as 30 libras de inscrição e para isto cobram uma taxa de serviço de 180USD para enviar a conversão de 47USD pela prova. Os valores vão para um programa de combate à cegueira… Seeing is Believing. O banco na ilha respondeu que aceitará o valor na minha chegada e assim enviei minha inscrição para lá por correio.
Até a viagem para esta maratona terei outras alegrias no caminho, a meia de Caracas e Paris uma semana depois. Não quero ser o único brasileiro a comparecer a esta maratona, mas que outros venham (depois de mim!) e deixem seus nomes nessa prova também!
Alexandre Andrade
Oglobo.globo.com